Happy Halloween

10/08/2012 Nenhum comentário

Lá estava eu, andando pelos corredores escuros e fétidos da escola que tinha um certo ar de filme de terror dos anos oitenta. O garoto á minha frente andava rapidamente pelos corredores em plena noite de Halloween, provavelmente colocando mais uma de suas pegadinhas em ação. Afinal, qual seria a melhor noite do ano para pegar peças nas pessoas do que a noite do dia das bruxas?
 Ryan sempre olhava para trás para se assegurar que ninguém o seguia. Segurei minha vontade de rir ao vê-lo virar o pescoço para olhar o caminho que havia traçado pela milésima vez.Ele estava ficando paranoico com o fato de nunca ver se havia alguém por perto já que apesar de sentir alguém próximo o único barulho que ele conseguia ouvir era da música baixa da festa de dia das bruxas no ginásio proporcionado pelo colégio que estava do outro lado do prédio, e de sua respiração ofegante. O segui andando escondida pela escuridão que concentrava em parte do corredor mal iluminado.
 Cansada da brincadeirinha de esconde-esconde bati com mais força o salto da minha bota no chão para ele ouvir e confirmar que ele não estava só.
-Quem está ai? -Ele se virou e gritou. Eu ri, seu cabelo castanho escuro estava caindo em seus olhos eles se mostravam estava atentos a qualquer barulho. Parei observando sua reação.
-Você esta querendo me fazer de palhaço? Quer me ver assustado?Isso não tem graça!  -Gritou, e eu ri alto. Ele estava tão apavorado.
-Fazer de palhaço? Não.Mas quem sabe sobremesa? -Eu disse com minha voz soando rouca.
-Por que eu? -Gritou seu peito subia e descia rapidamente.
-Por que você não tem sido muito gentil com a maioria das garotas. Em meu critério de seleção o cavalheirismo tira várias pessoas da minha lista.- Dei um passo mostrando aonde estava,mas ainda abraçada pela escuridão da noite.
-Você  usa as mulheres depois joga fora como se fossem lixo de algum produto que você já consumiu, você acha isso engraçado? Bom, eu não acharia se fosse você.  Por mais que isso pareça uma ação feminista eu realmente prefiro proteger qualquer mulher que possa ter você na vida delas-Sai de onde que estava, andei até a claridade no meio do corredor revelando quem era.
 -Bom, querido, da próxima vez tenha mais cuidado com quem você mexe.-Sorri para ele. Ele me viu o espanto passou por sua face, mas logo ele abriu um sorriso aliviado.Ele colocou as mãos no joelho e respirou profundamente ainda rindo.
-Mandy? É só você? A pensei que alguém queria.... Sei la, que me machucar ou me matar.-Ele deu mais uma risada- Você sabe dos rumores de um animal que esta matando todo mundo e eu realmente não quero ser o próximo.-Ele parou me observando- Você esta linda á proposito. Se você está magoada pelo que eu fiz, eu realmente sinto muito -Ele sorriu mais uma vez.
Alarguei meu sorriso.Ele é tão tolo. Balancei a cabeça em negação.
-Não se preocupe com qualquer coisa que você tenha feito, o que está feito está feito, não tem como voltar atrás não é mesmo? -Arquei uma sobrancelha ao ver ele balançar a cabeça em afirmação. -Sobre o animal eu sei muito bem, até melhor que todos vocês. Mas, minha espécie ainda não foi catalogada cientificamente.-Sorri e deixei que meus caninos acentuados aparecessem.
-Você....-Ryan prendera a respiração. Fui até ele e a cada passo que dava ele recuava. Inclinei a cabeça e repousei minha mão no meu queixo em um gesto exagerado.
-Bom, eu adoraria conversar- ele continuou-mas eu tenho que..am..voltar pra festa eu estou coordenando e a professora McGuire odiaria que eu não fiscalizasse. Aproveite a noite, happy hallowen.-Ele disse e virou-se para continuar seu caminho
-Está com medo Ryan? Sério? Pensei que você era..hum.. como era mesmo? -Franzi o cenho, fingindo pensar- invencível, irresistível.. -Ri com escarnio lembrando das vezes que ele se exibia para os amigos.- Bom, você é e pode ter certeza dará uma ótima refeição. Então,espero que você não esteja com medo de mim, não é mesmo?
-E-Eu não estou com medo. -Disse ele dando um passo em falso e caindo em um baque surdo no chão de mármore.
-Bom, não é que parece. -Disse amigavelmente.Me ajoelhei ficando na sua altura. Os olhos do garoto estavam arregalados, seu batimento cardíaco que eu posso ouvir muito bem. Seu coração batia freneticamente. Estendi minha mão passando em sua a mão na sua bochecha e ele se encolheu com o meu toque. Desci a mão e arranhei seu pescoço deixando marcas vermelhas por toda sua extensão.
Suspirei.
-E até que você sabia ser legalzinho quando queria, mas não estou com paciência pra isso.Últimas palavras-  Sorri ao dizer a frase ícone de filmes de faroeste.
-Mandy, por favor, não faça isso- Ele começou a chorar- Eu prometo que..
-Blá,blá,blá -Rolei os olhos entediada. Era sempre a mesma coisa ''Não faça isso, por favor'' e ''Eu vou melhorar eu juro'' ,mas é apenas mais uma promessa vazia.
-Não, eu juro..
-  Tempo esgotado, querido. -Sussurrei colocando uma mão no todo da cabeça e outra na base do pescoço lentamente. Os olhos do adolescente me fitavam desesperados e suplicantes. Beijei seus lábios úmidos pelas lagrimas deixando sua boca trêmula com uma cor escarlate do meu batom. O arranhar em minha garganta,característico da minha sede por sangue, preencheu-me com força total.
  E com um rápido gesto quebrei o pescoço de Ryan.Observei seu corpo pensando em sentir algum remorso, mas não senti há séculos eu não sentia nada nem mesmo uma gotinha de culpa.
O corpo ainda quente do garoto parecia como uma obra de arte surrealista com alguma ideia por trás de toda as imagem distorcida.
 Balancei a cabeça e logo avancei sobre o seu pescoço sugando o liquido de que tanto apreciava e necessitava. Ao terminar levantei deixando o corpo do garoto inerte jogado no meio do corredor. Com as costas da minha mão limpei minha boca  ainda admirando seu corpo sem vida.
-.Happy Hallowen.- Dei meia volta e saí á procura da minha próxima vítima.

N. Blue
O texto ainda não está betado por isso deve ter alguns errinhos...

Raladinho no joelho

05/08/2012 Nenhum comentário

Nessa última semana me senti incomodada com um certo sentimento, era algo que incomodava, mas eu não sabia dizer o que. Parecia com aquela sensação de um machucado recente, como se fosse um raladinho no joelho em que toda vez que você anda você sente a pele repuxando e ardendo. Só que meu machucado não era físico, minha pele não repuxava nem mesmo ardia o que ardia mesmo era minha mente, meus pensamentos e o maldito sentimento que não me deixava em paz.
   Comecei a prestar atenção em quais momentos que aquela sensação aparecia, percebi que era quando eu tinha ideias ou filosofava e começava a escrever um texto em minha mente. As palavras eram redigidas, fotos mentais eram tiradas, a cada nova conclusão a cada nova ideia que surgia com o meu raciocínio, o sentimento aparecia.
  Era tiro e queda, um par de ação e reação instantâneo até que então minha mente se desviava por segundo do meu foco e todo aquele texto que eu havia redigido era perdido. E juntamente com aquele sentimento vinha o remorso e a raiva de ter perdido algo que por um instante eu achei que revolucionaria o mundo, o meu mundo.
 Até que ontem enquanto dava minha visita semanal á livraria achei a biografia de Caio Fernando de Abreu, escritor que até hoje não li nenhuma obra, mas li várias citações de textos interessantes, super criativos que tem  uma profundidade que conseguia tocar o fundo da minha alma apesar de ter lido seis ou sete linhas do seu trabalho. Enquanto eu lia o livro escrito por Paula Dip, que logo me apaixonei, ela relata que Caio necessitava da escrita, que nos seus piores e melhores momentos ele era varrido por um sentimento que o levava a jogar no papel o que sentia, suas criticas, medos, receios,frustrações e amores.
 Foi como se uma luz celestial me cegasse e eu ouvisse o coro de aleluia, era isso! Era a escrita! O meu raladinho no joelho psicológico era a minha necessidade de escrever que nunca era suprida já que eu nunca anotava minha ideias. Então, espero que esse blog cure, todo aquele sentimento de frustração pela perda de um texto escrito mentalmente.Que esse mundinho que estou criando seja um vômito da minha criatividade e o meu merthiolate que tira a dor e mata todas as bactérias que fazem questão de piorar o raladinho no joelho mental.

 Nana B.
 
Desenvolvido por Michelly Melo.