Vogelfrei

23/12/2012 Nenhum comentário

 Capítulo 2 Vogelfrei

As notas da suave melodia flutuavam pelo ar colidindo contra as paredes. Os dedos ágeis tocavam as teclas do teclado, já velho ao ponto de ter algumas partes coladas com fita adesiva. A magia da música tocada poderia ser sentida por qualquer ser vivo presente na pequena sala sendo eles quem quer que fosse, bactérias, plantas, micro-organismos.
A atmosfera criada pela música era única e especial, digna de contos infantis da Disney em que nesse momento haveria pequenos animais falantes dançando, juntamente com ninfas, duendes e alguma princesa encantada.
Mas, não havia animais falantes, ninfas ou uma princesa. Apenas, uma garota encolhida num banquinho de madeira, vestindo um moletom escuro de segunda mão e camiseta duas vezes o seu tamanho, entorpecida pelo poder da canção tocada. Os olhos fechados pelo foco e o rosto redondo escondido pelos cabelos castanhos cacheados. Seu corpo parecia dançar juntamente harmonia ecoada pelo instrumento decadente.
A música alta a assustou fazendo seus dedos pararem abruptamente causando a quebra da magia instantaneamente, como se tivesse jogado um balde de água fria no corpo da garota. Ela se levantou contra a vontade jogando o banco no chão ao se afastar do teclado. Ainda narcotizada pela mudança de realidade tão inesperadamente ela caminhou até o celular escandaloso que tocava Foster the People.

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Blitzkrieg capítulo 1

11/12/2012 Nenhum comentário


Capítulo 1 Blitzkreg  
(termo alemão para guerra-relâmpago) foi uma doutrina militar em nível operacional que consistia em utilizar forças móveis em ataques rápidos e de surpresa, com o intuito de evitar que as forças inimigas tivessem tempo de organizar a defesa. Seus três elementos essenciais eram a o efeito surpresa, a rapidez da manobra e a brutalidade do ataque, e seus objetivos principais eram: a desmoralização do inimigo e a desorganização de suas forças (paralisando seus centros de controle).


Num passado não tão distante
 -Os répteis possuem a urina pastosa..–O professor de biologia falava na frente da sala e foi no exato momento que Annie se fazia pergunta que todos os professores,sem exceção,odeiam ‘’Quando eu vou precisar disso na minha vida?’’. A resposta não veio e apesar de sua língua coçar para fazer perguntar ao senhor de meia idade, permaneceu em silêncio.
         Olhou ao seu redor, observando a sala de aula. Várias pessoas estavam dispersas, um garoto ao seu lado copiando o dever de matemática, Dougie Poynter dormia profundamente, a boca aberta fazia que a baba escorresse e encharcasse seu caderno, os cabelos loiros compridos tampando metade do seu rosto. Anne virou o rosto quando viu uma mosca posar justamente na boca do garoto. Continuando sua vistoria ela voltou seu olhar para uma garota que escrevia fervorosamente cada palavra que o senhor pronunciava, parecia que ela iria fazer um buraco no caderno de tanta força que ela fazia na lapiseira.
        Sorriu ao lembrar que há um tempo também era desesperada assim, viciada pelos estudos, paranoica com as notas e a ambição de sempre ser a melhor vivia a consumindo como a fome para um mendigo.
   Ficou olhando para a menina de longos cabelos ruivos e cacheados até que um vulto passou diante dos seus olhos.  Olhou para baixo e deparou-se com um aviãozinho de papel sobre seu caderno. 
Um sorriso ameaçou surgir em seu rosto, porém assim como todos os sorrisos que ameaçavam aparecer em seu rosto Annie fez uma careta em uma vã tentativa de espanta-lo.  Abriu o avião já esperando um bilhete dentro, a risada baixa escapou pelos seus lábios quando o leu:
 ‘Está pensando em voltar a ser uma psicopata do conhecimento? Se for me avise para te dar um sossega leão na veia para poder fugir para as colinas!’
 Escrevendo rapidamente a garota mandou o seguinte bilhete:
 ‘Se se eu voltasse a ser a psicopata do conhecimento não teria mais tempo para você Fletcher, não precisa fugir para lugar nenhum, seu cagão’’
   Refez o avião e jogou para trás, ao mandar olhou para o destinatário com um sorriso malvado. O garoto de cabelos loiros devolveu o olhar à altura, logo abaixando a cabeça para ler o bilhete. Mordendo o dedo e analisando a reação do amigo, Annabelle o viu arquear uma sobrancelha e torcer a boca.  Quando ele levantou o olhar ela pode ver que em seus olhos a raiva teatral queimando os olhos castanhos que foram desviados para baixo.
   Annabelle sabia que o garoto estava voltando toda a sua atenção na resposta malcriada que ele rabiscava na folha do aviãozinho desfeito.


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A carta

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(What's up, eu escrevi essa carta em novembro depois da prova do Enem, á mão.Eu estava me sentindo muito atormentada pelos meus sentimentos que eu lutei arduamente para domá-los. Mas, a única maneira que encontrei paz, naquela noite, foi escrevendo para um confidente meio distante de mim. E hoje me senti dentro do olho do furacão novamente, portanto esta aí; A carta)


                                 De certo mundo perdido, do universo paralelo, 04 de novembro de 2012
 Honey,
 Sei que há muito tempo eu não te escrevo, mas ao reler o trecho mais sonhador e doce do livro ‘Ana e Pedro- Cartas’’ que não resisti ao ímpeto de escrever mais uma carta que você não vai ler.

  Por mais idiota que isso pareça, tem sido difícil desde que desisti de você. Sem conselhos sábios, conversas que duram mais de doze horas, sobre peixes, dogmas e a vida. Engraçado que parece que desde que paramos de conversas tenho tido tantas conjecturas e ninguém para partilhá-las. A única pessoa que tinha paciência suficiente para me ouvir falar sobre as teorias da conspiração que minha mente cria era você.
Me sinto meio perdida desde..hm,você sabe, você era meu Batman sumido, meu cavalheiro das trevas,meu coisa, meu só meu. Isso soa extremamente infantil, egoísta e possessivo, mas era assim como eu me sentia. Era como se tivéssemos uma conexão extracorpórea e nós não precisaríamos vitalmente nos olhar ou nos tocar por que o que sentíamos era algo maior. Hoje nada disso permanece, e se permanece não é de meu conhecimento, ganho muitas vezes uma mensagem indiferente ou as vezes (na maioria alias) o vácuo da resposta de algo que eu disse e a imagem de repulsa em sua face me assombra como a história do corvo ou palhaços assassinos.
 Isso está confuso, né?! Eu não planejei nada disso, escrever essa carta domingo a noite depois de noventa questões e a redação do ENEM, não planejei conversar com o ex-melhor amigo da minha melhor amiga, nem mesmo me apegar a ele ao ponto de poder nomear como um vicio, ou mesmo esperar que ele me roubasse um beijo no cinema, e eu com toda certeza do mundo não planejei me apaixonar por ele. Acho que estou precisando planejar minha vida.

Li no meu Facebook a mensagem que você me mandou há um bom tempo; ‘Já trocamos mais cutuques do que palavras’. Odeio, e como odeio dizer que, atualmente, é a única coisa que trocamos e sinceramente eu não vou parar. Eu não quero parar. Por que aparentemente esse é o nosso único vinculo e por mais que eu nunca diga isso, e nunca direi, tenho medo que ao pararmos você sumirá completamente da minha vida, em passos rápidos numa rua de mão única. Tenho que confessar que a culpa é minha, eu não permiti que criasse raízes, não deixei que pudéssemos ter uma base sólida. Eu podei quando não era necessário, então não sei porque estou reclamando agora, afinal tinha consciência das consequências dos meus atos.

 Te chamo daquele apelido que você odeia, porque li em um livro quando eu estava na sexta série que chama ”Ana e Pedro- Cartas”, como já mencionei antes. A história é assim, uma amiga em comum fala do Pedro para Ana dá o endereço dele pra ela e ela manda uma carta para ele, e desse modo gerou um círculo vicioso, de escrever cartas,mandar cartas e receber cartas. Nem preciso dizer que eles se apaixonaram passaram a se gostar pelo o que eles escreviam, apesar das brigas, discussões, tristezas, problemas e a distância. Acontece que nós não trocávamos trocamos cartas e sim mensagens instantâneas. Mas, acho que nessa história você parece mais Ana e eu pareço mais Pedro. A Ana T. ela é pé no chão, desconfiada, curiosa, racional e acho que gosta de peixes. Já o Pedro/Pierre/Peter/Petrus é romântico, filósofo artista, ama escrever e ler. Creio que tentei deixar você mais Pedro e pode ter certeza que você me deixou mais Ana.

Acho que está na hora da despedida, bem longa. Não escrevi duas páginas, à mão, apenas para matar a saudade de você, eu tenho um interesse maior.Me despedir. No dia quatro de novembro a gente se conheceu e no dia quatro de novembro eu me despeço. Amei você loucamente, mesmo que isso pareça um absurdo  pra você, é verdade.Necessitei de você como um peixe precisa de água. Contudo, meu aquário não teve manutenção, a água envelheceu, ficou demasiadamente ácida que nem mesmo algas conseguiram sobreviver lá. Morri um pouco ao escrever esse testamento essa carta e morro mais um pouco ao escrever; adeus. Espero do fundo do meu imo que você encontre alguém tão perfeito pra você que por um segundo você acredite em magia e em Deus. Espero que mostre aos que duvidaram da sua capacidade de ser bem sucedido como biólogo que eles estavam tremendamente errados. Espero que você ame alguém assim como amei você.
                               Um abraço,
                                                   ..........
 
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