Esse violino não foi feito para tocar as mais belas melodias

01/06/2017 Nenhum comentário

Em alguns dias, parece que é impossível respirar. Parece que o mundo decidiu sentar em cima do peito, sem que nenhum ar possa entrar. Agora há outros que é exatamente o contrário. 
 Meus pulmões estão cheios. 
Transbordando. 
Como um refrigerante sob o sol no sertão da nordestino. A uma brecha de explodir. As partículas do gás se agitam e se chocam. Inquietas, os esbarrões são mais frenéticos, os espaço cada vez parece pequeno para tanta energia.
 A ponto que a única coisa a se fazer é descomprimir esse ar. E assim, ao relaxar o peito, abrir a boca, todo o ar se impulsiona violentamente para cima. Louco. Feroz e "livre".
Eu grito.Até meus tanques de ar se esvaziem. Até que as cordas arranhem e arrebentem. Esse violino não foi feito tirar as mais belas melodias. Deixo o vapor da lava que borbulha no sangue saia pela minha boca. E descomprima todo o estresse cotidiano, vindo da opressão dessa sociedade rígida patriarcal, hétero, cis e branca. Que faça, ao menos todo amontoado de merda que ela tacou em mim, ao longo dos anos, acumulado em meus pés, mais tolerável.

Tutti hablan portuguese brasileiro

16/05/2017 Nenhum comentário







E depois de três milênios sem colocar nada decente aqui, vai mais  uma playlist bem Made In Brasil, intitulada Tutti hablan portuguese brasileiro. Não tem só MPB aí, tem muita coisa misturada, do novo ao velho, bem gente como a gente mesmo.

Puf

16/04/2017 Nenhum comentário

Com papel e caneta crio planos. Quando levanto a mão os destruo. Puf. Tudo se torna poeira. A profecia de Marx se torna verdadeira, e o tudo que é sólido, realmente, se desmancha no ar.

Ambiciosa. Sonhadora. Criativa. A menina que aprendi ser, sempre sorri com os olhos para tocar o coração das pessoas, mas o seu próprio está fora de alcance. "A solidão é a ausência de si mesmo", fui tantas e serei tantas personas de quem quero ser, mas oca por eu não me pertencer.

O sorriso característico é treino. Olhares minuciosamente trabalhados no espelho. Músculos da boca repuxando para cima, em sincronia com o brilho nos olhos. Os cristais das lágrimas refletem o arco- íris para quem quer ver, afinal, é muito mais fácil disfarçar a minha terra arrasada com meus dentes. A alegria é fácil de ser vendida, é o pote de ouro guardado pelo duende que todo mundo jura que viu,  mas nunca reivindicou para si. Crio bolhas nesse mercado só para fazer alguém feliz.

Então sigo, com meu papel e caneta, criando planos. Montando o personagem de quem fingirei ser. É nesse momento que levanto os olhos do papel, e  vejo reflexo fraco e translúcido na janela. 
Sorrio.
Levanto a mão, e..

Puf.

A grande rachadura

07/03/2017 Nenhum comentário
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Essa noite o céu rachou em dois. Em cima da minha cabeça, um infinito cobertor negro, sem lua e nenhuma outra companha visível.  Sob meus pés, a terra se estendia e rolava para baixo do mirante, a sua peculiar galáxia surpreendia com a união dos sois e das luas. Essas que roubam a cena, finalmente dividindo o mesmo espetáculo em igualdade. E tendo eu e as reluzentes estrelas do chão como plateia.


No horizonte, os grandes opostos se encontraram, e deram as mãos. Juntos seguiram pela fronteira do visível, como rios de diferentes densidades que não se misturam, mas são, naquele momento, indissociáveis. Como irmãos. Como amantes. Cada um único com a sua própria complexidade, peculiaridade e imperfeições naturais ou tecnológicas, porém inegavelmente mais belos juntos.
 
Desenvolvido por Michelly Melo.